Gosto de adormecer a ouvir o barulho dos carros na rua, ou até, em dias de festa, os grupinhos de gente já bem bebida que se juntam debaixo da minha janela e por lá ficam a conversar.
Gostava antes, de dormir de janela aberta, para ouvir os sons, para ouvir o camião do lixo às 5:00 da manhã, os homens a falar por entre o silêncio da noite. Achava piada porque, se estivesse silêncio suficiente, conseguia ouvir detalhes do que diziam, naquelas noites em que não dormia por causa das insónias. Naquelas noites em que não dormia porque a minha mãe tinha saído e eu ficava no MSN até de manhã. Naquelas noites em que não dormia, porque não queria perder nem um segunda do que se passava à minha volta.
Aquelas noites em que recebia uma mensagem e saía de casa à hora que fosse, às escondidas, para ir ver as estrelas com os primos, desde o areal.
Sentia-me alguém naquelas noites. Agora nem de noite nem de dia.
É o medo, o medo que tenho de fazer alguma coisa, de atropelar um par de regras, de me mexer e seguir o caminho que realmente acho certo para mim.
Às vezes acho que devia fazer tudo de outra maneira. Arriscar mais, viver mais, doutra maneira, ter menos medo disto ou daquilo, dizer mais: "A vida é minha, f*da-se, deixem-me vivê-la à minha maneira!"
Se eu soubesse o que sei hoje, havia um par de coisas que tinha feito, sem medo.
E é de noite, quando todos já dormem que eu me esqueço da televisão e sou, faço, digo, penso aquilo que não fui, fiz, disse ou pensei. É de noite que eu imagino como queria ter sido e como quero vir a ser.
É de noite que eu vivo.
E depois o sol nasce de novo, e eu escondo-me dentro de mim.
Gostava antes, de dormir de janela aberta, para ouvir os sons, para ouvir o camião do lixo às 5:00 da manhã, os homens a falar por entre o silêncio da noite. Achava piada porque, se estivesse silêncio suficiente, conseguia ouvir detalhes do que diziam, naquelas noites em que não dormia por causa das insónias. Naquelas noites em que não dormia porque a minha mãe tinha saído e eu ficava no MSN até de manhã. Naquelas noites em que não dormia, porque não queria perder nem um segunda do que se passava à minha volta.
Aquelas noites em que recebia uma mensagem e saía de casa à hora que fosse, às escondidas, para ir ver as estrelas com os primos, desde o areal.
Sentia-me alguém naquelas noites. Agora nem de noite nem de dia.
É o medo, o medo que tenho de fazer alguma coisa, de atropelar um par de regras, de me mexer e seguir o caminho que realmente acho certo para mim.
Às vezes acho que devia fazer tudo de outra maneira. Arriscar mais, viver mais, doutra maneira, ter menos medo disto ou daquilo, dizer mais: "A vida é minha, f*da-se, deixem-me vivê-la à minha maneira!"
Se eu soubesse o que sei hoje, havia um par de coisas que tinha feito, sem medo.
E é de noite, quando todos já dormem que eu me esqueço da televisão e sou, faço, digo, penso aquilo que não fui, fiz, disse ou pensei. É de noite que eu imagino como queria ter sido e como quero vir a ser.
É de noite que eu vivo.
E depois o sol nasce de novo, e eu escondo-me dentro de mim.
"Já é noite e o frio
está em tudo que se vê
lá fora ninguém sabe
que por dentro há vazio
porque em todos há um espaço
que por medo não se ve
onde a solidão se esquece
do que o medo não previu
Já é noite e o chão
é mais terra para nascer
a água vai escorrendo
entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra
entre o espaço que restou
para refazer a vida no que o medo não matou
(...)
já é dia e a sombra
está em tudo que se ve
lá fora ninguém sabe o que a luz pode fazer
porque a noite foi tão fria
que não soube acordar
a noite foi tão dura
e difícil de sarar
está em tudo que se vê
lá fora ninguém sabe
que por dentro há vazio
porque em todos há um espaço
que por medo não se ve
onde a solidão se esquece
do que o medo não previu
Já é noite e o chão
é mais terra para nascer
a água vai escorrendo
entre as mãos a percorrer
todo o espaço entre a sombra
entre o espaço que restou
para refazer a vida no que o medo não matou
(...)
já é dia e a sombra
está em tudo que se ve
lá fora ninguém sabe o que a luz pode fazer
porque a noite foi tão fria
que não soube acordar
a noite foi tão dura
e difícil de sarar
(...)"
Tiago Bettencourt - "O Lugar"
3 comentários:
Tu és alguém mana, nunca duvides disso.
Tu és um alguém muito importante para mim, de noite ou de dia, para a eternidade. <2
"E depois o sol nasce de novo, e eu escondo-me dentro de mim." <- amei o post todo, mas esta frase ficou-me gravada.
Não te podes arrepender do passado, agarra o presente pelas mãos para poderes aproveitar o futuro. Erros todos cometemos e é com eles que aprendemos, há que superar, sair mais forte da situação e aprender.
amo-te,
oh, este post está fantástico.
vu adicionar o teu blog ^^
ahm, allie, vem do The Notebook? :p *
"É de noite que eu vivo.
E depois o sol nasce de novo, e eu escondo-me dentro de mim."
Uma criatura da noite, ahn? Tb sou um bocado assim. http://passoacitar.blogspot.com -> pus lá uma citação dum livro, que que faz lembrar este post.
beijone
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